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Liberta-te da Ilusão e Resgata a tua Essência

Desde o dia em que nasces, vens com o propósito de entregar uma mensagem ao mundo. A mensagem é simplesmente a tua presença e a partilha das tuas capacidades inatas com o mundo. Só precisas ser autêntico e desenvolveres-te a partir da essência. Cada célula do teu corpo é um universo próprio, é inteligente, é completa e está programada para ser aquilo que é.

Estás programado para seres tu, seja lá o que fores, e o que a mente pensa que és não faz diferença para o programa, porque ele não está na mente pensante. Está no corpo, naquilo que chamamos ADN e, no princípio, seguimos instintivamente a sua sabedoria. Em crianças sabemos do que gostamos, do que não gostamos, quando gostamos e quando não gostamos. Escolhemos o que gostamos e tentamos evitar o que não gostamos. Seguimos os nossos instintos e eles guiam-nos à felicidade, à apreciação da vida, a brincar, a amar, a satisfazer as nossas necessidades. E depois, o que acontece?

O corpo começa a desenvolver-se, a mente começa a amadurecer e passamos a usar símbolos para entregar a mensagem. Começamos a compreender e a comunicar através da simbologia das palavras, dos sons que articulamos e movimentos que produzimos. Através da prática e da repetição, acabamos por aprender a falar e a interagir com o meio envolvente.

Quando aprendemos a falar, os humanos que cuidam de nós ensinam-nos o que sabem, o que significa que nos programam com conhecimento. Os humanos com quem vivemos possuem muito conhecimento, incluindo todas as regras sociais, religiosas e morais da sua cultura. Chamam a nossa atenção, transmitem a informação e ensinam-nos a ser como eles. É a sociedade em que nascemos que nos ensina a ser homens ou mulheres. Aprendemos a comportar-nos da maneira “certa” segundo as regras, ou seja, a sermos um “bom” humano.

Na realidade, somos domesticados da mesma forma que um cão, um gato ou outro animal: através de um sistema de recompensa e castigo. Dizem que somos um bom menino(a) quando fazemos o que os adultos desejam; somos maus meninos(as) quando não fazemos o que nos mandam. Como consequência disso, ganhamos o medo de ser punidos e o medo por não obter uma recompensa, e assim começamos a tentar agradar às outras pessoas.

No processo de domesticação humana, impõem-nos todas as regras e valores da família e da sociedade. Somos imaturos e não temos qualquer hipótese de escolher as nossas crenças; aprendemos através do que nos dizem e pelo exemplo que têm para connosco. Todas essas vozes na nossa cabeça não são reais, não são nossas, foram incutidas por quem nos rodeia. É então que as opiniões dos seres humanos à nossa volta começam a apoderar-se da nossa mente.

Todos têm uma opinião sobre nós e partilham-na. Enquanto crianças, não sabemos o que somos. A única forma de nos vermos é através de um espelho, e as outras pessoas são esse espelho. Os nossos pais dizem quem somos e nós acreditamos neles, a sociedade diz-nos o que temos que fazer e nós acreditamos nela. Ou seja, construímos a nossa noção de eu através desses espelhos, concordamos que é isso que somos, e essa opinião torna-se parte do nosso sistema de crenças.

Aos poucos, todas essas opiniões modificam o nosso comportamento, e na nossa mente formamos uma imagem acerca de nós próprios de acordo com o que as outras pessoas dizem de nós. Sou bonito; sou feio. Sou bom nisto, sou mau naquilo. Sou um vencedor, sou um fracassado.

A certa altura as opiniões dos nossos pais e educadores, religião e sociedade, fazem-nos acreditar que, para sermos aceites, temos de ser de determinada maneira. Temos de ser assim; não devemos ser assado – e porque não está certo sermos aquilo que somos, começamos a fingir ser o que não somos. O medo da rejeição torna-se o medo de não ser suficiente bom, e começamos a procurar algo a que chamamos a perfeição. Na nossa procura, formamos uma imagem de perfeição, a forma como queremos ser, mas que sabemos não ser, e começamos a julgar-nos por isso.

Antes da domesticação não nos preocupamos com o que somos nem com o nosso aspeto. Queremos é explorar, exprimir a nossa criatividade, procurar prazer e evitar a dor. Como crianças dizemos a verdade porque vivemos na verdade. A nossa atenção está em viver o momento presente, não temos medo do futuro, nem vergonha do passado. Depois da domesticação, tentamos agradar a todos para atingir a nossa imagem de perfeição.

Chegamos à adolescência, e não queremos mais que nos digam o que fazer e o que não fazer. Queremos a nossa liberdade; queremos ser nós próprios. No entanto, temos medo de ficar sozinhos. Nessa altura não precisamos de ninguém para nos domesticar; aprendemos a julgar-nos, a punir-nos e a recompensarmo-nos de acordo com o mesmo sistema de crenças que nos foi incutido, e a usar o mesmo sistema de castigo e recompensa. Assim continuamos a agravar a nossa condição de vida.

Por fim, somos adultos e insatisfeitos com a vida. Carregamos dentro da nossa mente uma série interminável de conflitos e limitações; estamos completamente desconectados daquilo que realmente somos. Há quem aproveite esta fase, para despertar a essência, e isso é um processo que nem todos estão dispostos a realizar – tudo isso porque estão demasiados identificados com a domesticação a que foram sujeitos ao longo da vida, e nada veem além disso.

Em crianças não temos culpa dos condicionamentos que nos colocaram na mente, em adultos temos a responsabilidade e a maturidade suficiente para começar a questionar todo o nosso sistema de crenças, e assim começar a desconstruir quem pensamos ser, até chegar a um ponto em que voltamos a nos reconectar à essência da criança que um dia fomos.

A nossa vida mudará, quando mudarmos o nosso sistema interno. É possível libertar este vazio existencial que sentimos, mas não devemos inverter a ordem; o condicionamento é interno, o externo é apenas um espelho do que se passa dentro de nós.